domingo, 13 de outubro de 2013

Perfumes e a Magia de seus Aromas

O olfato transporta-nos para um mundo de emoções associadas a memórias de fragrâncias.
É o sentido que mais rapidamente coloca o cérebro a funcionar e desde a antiguidade que a humanidade usufrui e explora este potencial através dos perfumes.
Historicamente as primeiras referências ao perfume remontam às antigas civilizações do Próximo Oriente, especialmente ao Egito.
Os arqueólogos encontraram vasos de perfume de alabastro que remontam ao terceiro milênio antes de Cristo, e são numerosos os frescos com cenas da vida quotidiana que mostram rituais do perfume.

Na Grécia Antiga já se valorizava a higiene e a beleza, e é dali que vem o costume, mantido até hoje, de jogarem-se pétalas de rosas nas tumbas como símbolo de vida eterna.
Quanto à arte da perfumaria já se usa olíbano, mirra, canela, cravo, benjoim e sândalo com o intuito de sedução no século IV a.C.

No entanto, na Roma Antiga é que tais usos se perpetuam e o hábito de tomar banho se estabelece como ritual cotidiano de limpeza física e espiritual.
Surge o sabonete, que naquela época chamava-se 'sapo' - uma mistura de gordura de carneiro, cinzas de ervas queimadas e óleos essenciais.

Nesta época fica bem clara a relação das ervas e plantas como remédio através de "Tratados Médicos" atribuindo poderes curativos ao sândalo, ao cardamomo e à rosa, em poder da burguesia.
Ao passo que se estabelece o uso cosmético, com a manufatura de pomadas, talcos e águas aromáticas, diminui o simbolismo místico e religioso.

Surgem os recipientes de vidro, que substituem os de cerâmica usados até então.
Têm vantagem soberana, já que não deixam odores, as resinas não são absorvidas pela porosidade da cerâmica e ainda podem imitar os recipientes gregos em suas formas e cores.

Na Idade Média Yakub al Kindi (803-870) escreve o "The Book of Chemistry", onde faz alusão aos óleos essenciais.
É quando também se dá a descoberta e o desenvolvimento da destilação, creditada ao poeta, matemático, médico e alquimista Avicenna (980-1037).

Historicamente, a primeira destilação bem sucedida foi a da rosa, que merece um livro inteiro sobre o assunto.
Santa Hildegarde von Bingen escreve quatro tratados de medicina herbal (Causae et Curare), sendo a ela também creditada a criação da Água de Lavanda, sua favorita.

Entretanto, não só a Água de Lavanda é usada nesta época, surgem a Água de Carmelita e a Água Milagrosa que são fórmulas secretas, guardadas a sete chaves pelos padres e freiras europeus por serem preciosas pelo poder curativo, inclusive contra "problemas de visão", melancolia, memória, dor e febre.

Apesar de todo o segredo, sabe-se que dentre as ervas, havia três flores: lavanda, angélica e camomila.
Neste ponto já é possível notar alguns conhecidos nossos - fórmulas secretas, poder da Igreja e tratados médicos em poder da burguesia.
Sabe-se que isto é apenas o começo.

Controle e monopólio não é "privilégio" de nossos tempos. Já nos Séculos XIII e XIV a Itália monopoliza as rotas comerciais do Oriente.
Há o controle das especiarias e do perfume, com o intuito de debelar a praga, a Igreja restringe o uso das ervas apenas aos palácios e monastérios sendo seu uso fora deles totalmente proibido, com consequências que seria redundância mencionar.

Nas Cruzadas (1096-1291) desenvolve-se o comércio entre o Oriente e a Europa, com o incremento da utilização das especiarias e das essências.
Volta-se a valorizar a higiene, trazendo o perfume, desta vez aliado à arte.

Na França se estabelece a união entre os herbalistas e os boticários, estes, por sua vez, por possuírem maior cultura, assumem o papel de médicos e perfumistas.
Com a chegada do Século XVIII não é mais necessário mascarar odores fortes, e em consequência modifica-se o senso olfativo fazendo surgir os aromas florais.

Registra-se o surgimento da primeira fragrância sintética, isto é, produzida em laboratório, em 1868, sendo que no ano anterior já havia ocorrido algo que viria modificar a história efetivamente.
Foi o fato de que na Feira Internacional de Paris os perfumes e sabonetes foram expostos em uma seção à parte da farmacêutica.

Estava estabelecido um setor industrial independente.
Os perfumes deixam de ser considerados curativos e naturais, tornando-se apenas acessórios.

Principais Famílias Olfativas
As fragrâncias classificam-se em:
◾Cítricos Florais: quando utilizam matérias-primas extraídas de cascas de frutas tais como lima, limão, laranja, pomelo, tangerina, mandarina, entre outras.
Também se denominam "frutados".
◾Florais Aldeídos: a matéria prima é extraída das flores naturais ou desenvolvida sinteticamente em laboratórios.

As notas têm caráter delicado, sutil e discreto.
◾Fougère: elaborado a partir de matérias-primas leves e frescas, normalmente extraídas de madeira, por isso são conhecidos como amadeirados, e a elas se juntam a mistura de alcoóis, tubérculos e raízes.

São muito utilizados em fragrâncias masculinas.
◾Chipre Florais: fabricados com matérias-primas advindas de musgos, normalmente do carvalho.
São os perfumes mais clássicos e sofisticados.
◾Orientais Florais: suas misturas são constituídas normalmente das tuberosas, baunilha, patchouly, ylang ylang.
Inspiram sofisticação, são marcantes, misteriosos e super sensuais.
◾Couros Secos: fragrâncias extremamente secas, com características dominantes.
Suas matérias primas são extraídas do tabaco, de madeiras, couros, musgos etc.
◾Aldeídos Florais: geralmente são misturas sintéticas, também usadas nos perfumes muito clássicos e sofisticados.
Possuem certo frescor inicial característico e picante.
◾Aromáticos Secos e Frutados: são misturas de secos e frutados, que criam uma fragrância híbrida.
Geralmente usam condimentos como cominho, estragão e manjericão, além de especiarias como o cravo, canela, noz-moscada e até mesmo a pimenta.

Aplicação no corpo
Ao aplicar-se o perfume sobre a pele, o calor do corpo evapora o álcool rapidamente deixando as substâncias aromáticas, que se dissipam gradualmente durante várias horas.
Por isso, o perfume é aplicado nas partes mais quentes do corpo como pulso, nuca e atrás das orelhas.
É mesmo difícil conceber o nosso dia-a-dia sem o perfume.

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br
www.jardimdasflores.com.br - Valéria Trigueiro, aromaterapeuta, perfumeterapeuta

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