sábado, 19 de outubro de 2013

QUE TAL DESIPNOTIZAR-SE?

Dias atrás, me peguei questionando meus esforços para alcançar alguns objetivos que tenho desde a infância. Coisas comuns que qualquer ser humano deseja: sucesso, estabilidade financeira, saúde, poder de escolha (ir onde quiser, fazer o que quiser, e o contrário também, ou seja, não fazer o que não quer e não ir onde não se deseja)...
Pouco, não? 
Os questionamentos surgiram porque, embora eu tenha conseguido muitas coisas em minha vida, principalmente no que se refere à liberdade (estou onde estou porque escolhi, e faço o que faço porque amo), sinto que gasto mais energia que o necessário para chegar onde desejo. 

Isso cansa! É como ficar caminhando na areia, se contentando com pequenas moedas encontradas na praia, e sabendo que as pérolas principais estão mais adiante, mas praticamente inacessíveis. Então mais uma vez resolvi relaxar... deixar o pensamento livre para encontrar respostas a perguntas que, na verdade, eu nem sabia como e nem que havia feito, mas havia. 
"Desipnotize-se"... A palavra surgiu em minha mente como uma forte luz! "Desipnotize-se", repetia-se, constantemente. Deixei que ela tomasse forma, que se transformasse em imagens, em cenas da minha vida pregressa, da minha infância... e entrei num filme da vida real... a minha vida! 
Vi quando numa brincadeira feita entre eu e amigos, ainda com cerca de 10 anos, fazíamos uma espécie de "desfile de moda", com roupas que seriam doadas para carentes por minha família. Senti o toque de depreciação nas palavras de uma senhora, ao me ver com um macacão amarelo e dizer: "Essa roupa, sim, combina com você. Dá pra trabalhar como lixeiro". Viajei mais para adiante, e ouvi claramente um líder religioso me dizendo várias vezes: 
"Aceite sua condição. Deus te fez 'assim' (negro e pobre) porque te quer humilde. Entenda, gente como você NUNCA vai chegar a um cargo de destaque ou uma profissão na qual possa enriquecer". Mais adiante, numa das brigas com familiares, ao afirmar que meu sonho era o de ser escritor ou jornalista: "E trabalhar, nem pensar, né? Não importa o que faça, seu destino vai ser a roça ou ser funcionário de prefeitura. Caneta não dá comida!". 'Acordei' para o que estava acontecendo! A palavra novamente se fez forte... 
"Desipnotize-se'... Realmente, eu estava hipnotizado, como acredito que muitos de nós estão todos os dias. Para a maioria das pessoas (em especial as que não conhecem o tema ou o vê com preconceito), hipnose é especificamente algo que acontece em consultório, em palcos ou em algum espaço religioso. É uma habilidade pela qual algumas pessoas, dotadas de poderes especiais, dominam outras... Pura bobagem! 
Estas pessoas não sabem que, na verdade, somos nós que nos hipnotizamos, e ninguém executa qualquer tarefa dada por sugestão se não a tiver assimilado como "verdade interna", ou não estiver dentro daquilo que lhe seja moralmente aceito. O fato é que exatamente por causa de um monte de "verdades" que assumimos desde a infância, e por questões "moralmente corretas" assimiladas no decorrer da vida, agimos de acordo com várias sugestões dadas por nossos pais, irmãos, professores, lideranças, amigos... 
Formamos um conceito de nós mesmos e trabalhamos para que estas "verdades" sejam confirmadas. Muitas vezes, estas sugestões são dadas de maneira negativa (como num xingamento, num ato de bullyng ou algo parecido). Em outras, de forma que tem intenção positiva (mas só a intenção). Assim, uma pessoa pode ouvir de coleguinhas malvados que ele é um "botijão", por ser gordo, ou ouvir de uma tia bondosa: 
"Nossa, como ele é gordo! Que bom, isso é sinal de muita saúde". Ao crescer, mesmo que tenha se tornado um obeso mórbido pode sabotar qualquer tentativa de emagrecimento, pois a grande "verdade" é "que ele vai ser sempre um "botijão"" ou que "ser gordo é bom", mesmo que fisicamente isso não seja real naquele momento. O mesmo vale para o dinheiro, para uma profissão, para a aparência...
Afirmações como: "Dinheiro não traz felicidade". "Só quem é pobre vai pro Reino dos Céus". "Mulheres gostam de caras altos e bonitos... você é baixinho e feio". "Há pessoas que nasceram 'de quina pra lua'... não é o seu caso"...dentre muitas outras, impressionam nossa mente. Estas frases, incutidas em nosso subconsciente, fazem com que evitemos ficar ricos, que não valorizemos nossa real aparência, ou que invejemos quem 'tem sorte', como se Deus os tivesse escolhido para ser o que quiserem, deixando-nos com 'as sobras'. Pensando nisso, comecei então a procurar quais seriam as "ordens" que me foram dadas e que ainda me mantinham em transe. "Quem você pensa que é?"... ela veio, como um soco no estômago. Para mim, é a pior frase de todas. 

É feita em forma de pergunta, e derruba qualquer criança ou adolescente quando dita por um adulto que tenha autoridade sobre ela: "Quem você pensa que é pra querer (ou dizer, ou fazer) isso?". Esta era a que eu mais ouvia. Percebi que o problema não eram as palavras em si, mas as respostas que elas traziam, implícitas, pela forma como era feita a pergunta: 

"Você não é nada! Você é um moleque! Você não tem capacidade para ter, fazer ou ser o que diz querer". Ao lembrar disso, me senti oprimido... preso... triste... com medo... Percebi que meu corpo se contraía, como que querendo se esconder dentro de si mesmo, como uma tartaruga na casca, como uma centopeia se enrolando para se proteger... De repente ouvi de novo.. 
"Desipnotize-se", desta vez mais forte, como que me trazendo de volta ao topo. E gritei mentalmente: CHEGA! Vi todas as pessoas que me diziam a frase, frente a frente, e como líder do grupo um professor, com quem eu discutia constantemente quando fui presidente do Grêmio de minha escola, principalmente quando o assunto envolvia mudanças físicas na instituição ou questões relacionadas à grade curricular. Ouvi claramente ele fazer a mesma pergunta, com todos os outros sorrindo de maneira sórdida, já imaginando: "O que ele vai dizer? Não tem capacidade pra falar nada". Olhei bem para o professor, e respondi, em alto e bom tom: 
"Eu sou ANTONIO CARLOS, o cara que você teme porque tem ótimas ideias, e que também sabe, como qualquer um aqui, o que é bom para si e para seus colegas de escola!". Vi que os sorrisos de desfizeram. Algumas pessoas saíram da sala. "Eu sou inteligente, criativo e comunicativo", disse, andando em direção a ele. O homem dava passos para trás. "Eu tenho o poder de escolha. Eu posso decidir o que é melhor pra mim"... neste momento, saíram a mulher que "profetizou" minha "carreira de lixeiro", e o líder que me dizia para "ser humilde". "Eu sou o cara que é feliz fazendo o que gosta, e gostando do que faz, independente do que seja e do que os outros acreditam que deveria ser"... aí saíram os meus familiares e amigos que contestavam meu desejo de ser um profissional da escrita ou da arte. 

"Eu sou o cara que sabe o que quer, e não vai permitir que você o conteste ou o impeça de seguir adiante, porque você não tem esse poder. 
Esse poder é MEU!"... gritei, fechando os olhos... Quando os abri, o professor estava sentado à minha frente, mas com outro sorriso: o de orgulho. Ouvi, quase chorando, ele me dizendo. "Muito bem, Antonio! Esse é o cara com quem eu sempre quis conversar, trocar ideias... Por isso te admiro tanto!". Então entendi que esse professor era o meu grande desafio, não porque queria "me destruir", mas sim me fazer crescer. Era a minha sombra, os meus medos, o meu 'transe'. Trocamos um forte abraço, e eu acordei.... agora com a certeza de uma nova vida. É certo que será preciso fazer outras 'sessões', para eliminar outras sugestões... 
Desipnotizar-se! No entanto, a simples descoberta desta palavra já me fez levantar com outro espírito nas manhãs seguintes, e este espírito permanece forte, com muita energia até agora. Eu posso, eu mereço, e, acima de tudo, eu sou capaz! Minha dica? Ora, descubra quais são as sugestões que regem sua vida, e, claro, desipnotize-se você também!

A técnica
 
A técnica que utilizei para fazer esta "desipnotizaçao" foi o Relaxamento para o Sonho. Para fazer este trabalho, você pode escolher qualquer momento do dia ou da noite, mas eu prefiro fazer na hora em que vou dormir, sem nenhum aparelho ligado ou qualquer outra forma de barulho que não seja natural (para não interferir nos sonhos, que geralmente produzem as melhores metáforas, como a que me foi oferecida).


Neste caso, os sons da rua ou da natureza são considerados "naturais" e devem ser encarados como parte dos trabalhos. Acostume-se a eles e prossiga. 
Comece contando a sua respiração: A cada inspiração, mentalize "1", "2", "3", deixando que a expiração ocorra sem forçar, após cada número. Não sei em que momento (no meu caso, acredito que no "15" já aconteceu) os seus olhos irão se fechar naturalmente, e seu corpo relaxar... relaxar... Assim que fechar os olhos, deixe sua mente divagar, viajar ao passado, passando pelas várias fases em que você ouviu algo que seu inconsciente considere importante para este trabalho. 
Confie nele! Ele sabe! Deixe que sua mente escolha a história ou frase que considere importante para o momento que você vive ou questiona neste momento. Se for sobre alguma questão relacionada a finanças, seu inconsciente sabe onde está a origem. Se for amorosa, idem, e o mesmo vale para qualquer área. A partir daí, crie a sua história: 
AJA na história. Crie uma resposta diferente, mova-se de jeito diferente, responda como o adulto que é hoje e não como a criança que você foi, mas ainda existe aí dentro. Depois disso tudo trabalhado, seu próprio inconsciente saberá a hora de te acordar. Não se preocupe se isso vai ocorrer logo após a execução da história ou se você vai entrar em sono profundo e acordar no outro dia. O importante é que você saberá que aquela "sugestão" já não tem poder sobre a sua Alma.

Por: Toninho Rodrigues

Curso de Marketing Pessoal 

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