terça-feira, 15 de outubro de 2013

Google quer se integrar de maneira mais natural à nossa vida cotidiana


The New York Times Lisa Cericola, 31, editora e blogueira no ramo da culinária, recentemente deu uma festa em sua casa em Brooklyn; na mesa, ela serviu filés grilhados e chimichurri; no iPod, o som da noitada era o Red Hot Chili Peppers.
Não demorou para surgir o debate: a letra da música era "with burned shed it's a lovely view" ou "with blood I shed this lonely view"?
Como a maior parte das pessoas hoje em dia, Cericola sabia o que fazer. Apanhou seu BlackBerry e procurou a resposta no Google. (A resposta, na canção "Scar Tissue", é "with the birds I share this lonely view".)
Torsten Silz/AFP


Procurar no Google a resposta a uma pergunta se tornou um comportamento socialmente aceito --e a companhia quer mais ainda
Procurar no Google a resposta a uma pergunta se tornou um comportamento socialmente aceito --e a companhia quer mais ainda

"Poder procurar uma resposta com essa rapidez na verdade melhora a conversa", disse Cericola.

Mas se resolver o debate com tanta rapidez a deixou contente, para o Google e outras empresas de tecnologia a situação não é tão alegre. Eles sabem que participam como penetras de todas as ocasiões sociais, e desejam agradar os anfitriões ao descobrir maneiras novas e menos intrusivas de participar da festa - entre as quais buscas acionadas por voz, óculos dotados de conexão com a internet e outras formas de computadores integrados à vestimenta, ou mesas de jantar equipadas com telas.

Procurar no Google a resposta a uma pergunta se tornou um comportamento socialmente aceito, mas "continua a ser meio desconfortável quando isso acontece durante uma festa", diz Amit Singhal, vice-presidente sênior de buscas no Google. "A chave para o futuro é descobrir como tornar essas conversações ainda mais normais, em termos sociais".

Singhal está falando sobre o que os cientistas da computação definem como "computação onipresente" ou "inteligência aumentada" - a ideia de que computadores deixarão de ser aparelhos que ligamos ocasionalmente, e se tornarão parte integral de nossos ambientes cotidianos, e com isso poderemos lhes pedir que realizem tarefas sem que seja preciso erguer um dedo.

"Não é só uma questão de ter telas em toda parte, ou de usar uma tela como parte da vestimenta, mas sim da ideia de termos celulares e aparelhos mais cientes de seu contexto, para que possam oferecer informações altamente relevantes", disse Pattie Maes, fundadora e diretora do grupo de interfaces fluidas no Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT); sua organização estuda como integrar a informação digital à vida cotidiana.

Se as pessoas estiverem discutindo o padrão migratório das borboletas monarca, durante um jantar, por exemplo, os celulares poderão ouvir a conversa e apresentar um mapa, ela diz. Ou, quando o usuário de óculos conectados encontrar alguém, os óculos exibirão o perfil de LinkedIn da pessoa e recentes trocas de e-mails entre os dois.
"É a integração entre os mundos digital e físico para que deixem de ser duas esferas relativamente separadas entre as quais a conexão tem de ser feita por você", disse Maes.
Muitas empresas de tecnologia estão tentando integrar os dois mundos. No novo Apple iPhone, o Siri, um sistema de assistência por comando de voz, responde a perguntas faladas sobre filmes, esportes e restaurantes.


SENSORES

A Microsoft está conduzindo experiências com computadores que compreendem gestos e voz, usando luvas com sensores; um sistema de busca no Xbox que permite acesso ao Bing por comando de voz; e com reconhecimento de gestos via Kinect.
A IBM vem ensinando máquinas a interpretar e interagir com pessoas, incluindo equipamento para uso hospitalar. Mas o Google está à frente dos rivais, com pesquisas avançadas sobre que tipos de perguntas as pessoas fazem, e em que momentos as fazem.

O Google afirma que seus registros internos revelam que as buscas em aparelhos móveis chegam a picos nos horários de refeições, quando as pessoas não estão diante de seus computadores mas desejam respostas imediatas. E as pessoas já estão fazendo mais perguntas sobre curiosidades - "qual é a altura da Estátua da Liberdade?" (resposta: 93 metros) ou "qual é a idade da Terra?" (resposta: 4.54 bilhões de anos) -usando aparelhos móveis do que fazem em seus computadores.
Para facilitar essas buscas, no mês passado o Google lançou apps para aparelhos Android e iPhones que permitem que pessoas façam perguntas faladas e ouçam a resposta do serviço de buscas por meio de uma voz feminina vagamente robótica. A ideia é que as pessoas não precisarão interromper suas conversas para digitar uma pergunta, e todos poderão ouvir a resposta, como se o Google fosse apenas mais um conviva.

Em maio, o Google adotou um sistema de resposta direta a perguntas sobre curiosidades; as respostas surgem diretamente na página de resultados de busca, e o usuário não precisa mais clicar em um dos links de resultado e esperar que a página seja carregada, o que retardaria ainda mais a conversa. Digamos que você precise urgentemente saber qual é o patrimônio do ator Ryan Gosling. Basta realizar a busca no celular e, acima dos links para as páginas de resultados, o Google o informará. (O valor é de US$ 50 milhões.)
O Google Glass, óculos que permitem que as pessoas tenham acesso à web em uma tela minúscula posicionada perto da têmpora, ainda não está à venda, mas permitirá que pessoas procurem respostas sem que precisem tirar o celular do bolso. O Google também pretende pesquisar outras formas de computadores integrados a itens de vestimenta, por exemplo relógios.

Google Glass

Foto captada com o Google Glass por um dos fotógrafos selecionados para o Google+ Photographer's Conference

A empresa também está estudando telas que poderiam ser embutidas em paredes de cozinha ou na superfície de mesas de jantar, o que faria do Google um companheiro constante com o qual qualquer pessoa presente no aposento poderia conversar.
"Se levarmos esse desenvolvimento ao próximo estágio, e isso nos entusiasma, o Google e toda a informação de que preciso estarão na sala comigo", diz Scott Huffmann, o diretor de engenharia que responde pelas buscas móveis no Google. "No meio de uma conversa, bastará perguntar, 'ei, Google, isso e aquilo', e a resposta surgirá na tela mais próxima".

Não é uma perspectiva que entusiasme a todos. "Parece um pesadelo distópico e horroroso", diz Helena Echlin, que responde pela coluna de etiqueta "Table Manners", no site de culinária Chow.
Mas ela diz que talvez tenha de mudar seu discurso quando todos estiverem usando computadores diante do rosto. Cinco anos atrás, afinal, ela escreveu que ninguém deveria usar um celular à mesa de refeição. Agora, diz, "só um luddita proibiria usar um celular à mesa".
Phil Maslow, 27, que trabalha para uma empresa farmacêutica iniciante em Nova York, não hesita em recorrer ao Google, em qualquer ambiente ou situação.
"É um substituto para uma boa memória", diz. "Pode evitar muitos embaraços".

Ele passou muitas vezes pela situação de falar com um conhecido de escola ou faculdade em uma festa sem lembrar muita coisa sobre a pessoa.
"Durante a conversa, eu verifico discretamente o nome da pessoa no Facebook; isso já me salvou de muitos embaraços".
Um efeito de todas essas buscas no Google durante ocasiões sociais foi a retomada das festas de "trivia" (jogos de conhecimentos gerais). Em uma noitada semanal desse tipo de jogo que David Smithyman realiza em Park Slope, recorrer ao celular é considerado trapaça.
"Não saber a resposta a algo que os amigos perguntam é parte da diversão", diz Smithyman. "E quando alguém lê a resposta, a reação é palpável. É um momento bacana que não acontece mais em outros lugares".

CLAIRE CAIN MILLER
DO "NEW YORK TIMES"

Tradução de PAULO MIGLIACCI
Fonte: Folha Online

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